Você se considera uma pessoa criativa? 

Algumas pessoas vão responder sim imediatamente, mas muita gente pode ficar na dúvida. É por isso que, nas últimas décadas, a criatividade se tornou tema de estudos em inúmeras áreas de conhecimento, incluindo a comunicação, a psicologia e até mesmo a neurociência. 

No texto de hoje, vamos falar sobre esse assunto que faz parte do dia a dia de todos, seja na graduação, no trabalho ou dentro de casa.

O que é criatividade?

Segundo o dicionário Michaelis, a palavra criatividade é um substantivo feminino que possui dois significados principais: a) qualidade ou estado de ser criativo; b) capacidade de criar ou inventar; engenho, engenhosidade, inventiva.

Essa definição abrange muito bem a criação e proposição de novas ideias, porém deixa de fora alguns detalhes que costumam gerar confusão. Entre eles, estão o fato da criatividade não ser um dom e a importância de transformar propostas em realidade.

Talento ou competência?

É comum vermos a criatividade ser tratada como um dom, uma dádiva ou um presente divino com o qual as pessoas nascem. Uma ferramenta que somente algumas pessoas, escolhidas por um ser superior, conseguem utilizar.

No entanto, muitos estudiosos lutam para desmistificar esse conceito, definindo a criatividade como uma competência que pode ser desenvolvida e aperfeiçoada. Victor Mazzei, professor do curso de Publicidade e Propaganda da FAESA, é uma dessas pessoas. 

Em seu livro “Criatividade: o que inspira suas ideias?”, ele defende que as grandes ideias são pensadas por quem se debruça sobre um problema com o objetivo de solucioná-lo. Em alguns casos, as soluções surgem como um acender de lâmpadas; em outros, podem demandar muito tempo de esforço criativo.

Para lidar com esse processo que envolve ideias inacabadas, bloqueios criativos e novas conexões, os criativos precisam desenvolver e aperfeiçoar algumas habilidades. Vamos nos aprofundar nas cinco características reunidas por Jeff Dyer, Clayton M. Christense e Hal Gregersen no livro O DNA do Inovador:

Para um criativo, criar associações é conectar informações que pareciam isoladas. É desenvolver soluções inovadoras a partir de ideias que, para a maioria das pessoas, não possuem relação entre si. 

Essa habilidade está ligada à construção de um repertório rico e, como ressalta Victor Mazzei, à capacidade de deixar a mente fluir. 

“Para alcançar o máximo potencial criativo é fundamental que deixemos nossa mente vagar livremente.”

Pessoas criativas são seres inquietos que não deixam dúvidas no ar, questionando tudo na esperança de movimentar as peças existentes e encontrar uma solução escondida.

Quer exercitar essa habilidade? Pergunte para si mesmo “O que aconteceria se eu mudasse isso?”, anote as respostas sem julgamento e preste atenção nas reflexões que você não havia feito. 

Para fazer associações e questionamentos com mais facilidade, é necessário observar literalmente tudo. Prestar atenção em pessoas, produtos, processos, tendências e tecnologias costuma servir como combustível para boas ideias. 

Não é à toa que muitos criativos estão sempre ligados e com bloquinho de papel nas mãos. Ali você encontrará insights, piadas e frases soltas que estão só esperando por conexões inesperadas.

Importante em praticamente todas as áreas, o contato com outros profissionais possui um papel importante na criação de qualquer solução. Mas fique ligado, porque não se trata de um networking comum. 

A ideia é trocar informações com pessoas que possuam bagagens culturais e perspectivas diferentes, ajudando a aumentar os repertórios e testar as ideias menos convencionais. 

Muitos criativos podem ficar ansiosos neste momento, porém é muito importante testar suas ideias sem medo das respostas negativas. 

Essa pode ser a porta de entrada para a construção de pesquisas mais aprofundadas, novas hipóteses e soluções mais certeiras.

A arte de tirar uma ideia do papel

Quando fazemos um brainstorming, é importante que todas as ideias sejam anotadas sem nenhum julgamento. Não importa se a proposta cabe dentro do orçamento ou se é louca demais. 

No entanto, a etapa seguinte precisa ser mais racional para filtrar as ideias viáveis. O que pouca gente fala é que essa etapa, conhecida como produção, também exige muita criatividade.

Era isso que Nolan Bushnell, fundador da Atari, queria dizer quando formulou uma de suas frases mais famosas: “Todo mundo que já tomou uma ducha teve uma ideia. É a pessoa que sai do chuveiro, se seca e faz algo sobre isso que faz a diferença”.

Pode não ser uma missão fácil, mas o criativo precisa ter a capacidade de modelar suas ideias, adequando-as ao que o cliente precisa ou pode fazer. Precisa agir sobre uma ideia e descobrir como tirá-la do papel sem perder a essência inovadora. 

Onde encontramos a criatividade?

Quando o assunto é ensino superior, a resposta mais fácil para essa pergunta seriam os cursos de Publicidade e Propaganda, Jornalismo ou Design. Entretanto, ela não estaria completa.

Podemos concordar que publicitários, jornalistas, designers, arquitetos e outros profissionais possuem um contato mais próximo com a criatividade, porém não se tornam donos dela. Ela está em todos os lugares por um simples motivo: é possível ser criativo em qualquer área de conhecimento. 

Você pode estudar gastronomia e inventar um prato inovador. Estudar engenharia e encontrar uma solução mecânica que ninguém tinha sequer cogitado. Ser bacharel em direito e convencer o júri com uma história inesperada. 

A criatividade está em todos esses exemplos. 

Nas palavras de Victor Mazzei, a criatividade “está acessível para todos os que desejaram usufruir dela. É pensar em novos caminhos para fugir do protesto que interrompeu a rua que dá acesso à nossa casa; é convidar o(a) namorado(a) para fazer um programa diferente; é juntar os ingredientes que estão quase estragando na sua geladeira e tentar fazer deles um mexidão saboroso”. 

Caso você ainda não esteja satisfeito(a), podemos listar três cenários comuns a qualquer área onde a criatividade pode ajudar:

• Solução de problemas

Em seu livro sobre criatividade, Mazzei conta a história de uma aluna que não se via como alguém capaz de ter ideias, porque trabalhava o dia inteiro e ainda precisava dedicar seu tempo à família quando chegava em casa. 

A solução para o problema surgiu quando o professor perguntou o que ela fazia para convencer a filha de 4 anos de idade a sair de casa. Diante de um longa lista de táticas de convencimento, ele demonstrou que a criatividade estava presente nas diversas soluções que ela criava na hora de resolver um problema simples. 

E o mesmo pode acontecer na sua graduação, no seu trabalho ou na sua casa, independentemente do curso que você está fazendo ou da profissão que escolheu. 

• Aumento da produtividade

Ter profissionais criativos e estimular o desenvolvimento dessa competência na equipe pode ser a chave para solucionar uma crise, melhorar um produto ou propor soluções que transformem o ambiente de trabalho. 

E, em muitos casos, a consequência dessas conquistas é o aumento do comprometimento e da produtividade. 

• Tendências para o futuro

Em qualquer área de conhecimento, ter uma pessoa criativa que fique antenada nas tendências em ascensão contribui para o surgimento de soluções inovadoras da gestão até a execução dos serviços.

Como desenvolver seu potencial criativo?

Como falamos que é possível melhorar a criatividade, precisamos falar rapidamente sobre algumas técnicas que estimulam essa competência. 

Mapeie o seu comportamento

Tente lembrar de momentos em que sua criatividade brilhou e explore-os com mais frequência. Pode ser um som, uma cor, um cheiro, um horário ou até mesmo uma situação específica. 

Observe o ambiente

Deixe a tela do celular de lado e observe o local onde você mora ou trabalha, prestando atenção em detalhes arquitetônicos, pessoas e acontecimentos. Eles são uma fonte rica de informações e ideias. 

Aumente seu repertório

Uma dica para aumentar sua inspiração é nutrir sua mente com livros inspiradores, música de qualidade, filmes clássicos ou qualquer obra de arte que mexa com seus sentimentos.

Mantenha momentos de ócio

É muito importante termômetros de pausa em que você possa respirar fundo, praticar seus hobbies e ampliar seu repertório cultural. Isso ajuda a descansar a mente, reorganizar as ideias e criar novas conexões. 

Seja antenado

As informações evoluem com muita velocidade e você deve tentar se manter o mais atualizado possível. Novas ferramentas, técnicas ou projetos permitem que os criativos encontrem soluções conectadas ao futuro. 

Saia da zona de conforto

Abandonar o aconchego da sua área de segurança também ajuda a estimular a criatividade. Então visite novos lugares, pesquise coisas novas, proponha novos desafios para si mesmo e colecione experiências que estavam no seu radar.

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